Todos os anos, o câncer de próstata leva a óbito cerca de 15 mil homens cisgêneros, mulheres transexuais, travestis e pessoas não-binárias no Brasil, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). A campanha Novembro Azul reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce da doença, que é a segunda neoplasia maligna que mais afeta pessoas com próstata, atrás apenas do câncer de pulmão. Entre os sintomas, estão dores ósseas, fraturas, dificuldade para caminhar, dificuldade para urinar e sangramento urinário.
O diagnóstico precoce pode contribuir para aumentar as chances de cura e diminuir o risco de sequelas graves da doença, mas esbarra no comportamento cultural predominante entre a população masculina, geralmente pouco atenta ao cuidado com a saúde física e mental. O psiquiatra baiano Dr. Lúcio Botelho, membro da Sociedade Internacional de Neuroestimulação, com larga experiência em transtornos mentais resistente, ressalta a importância do despertar do homem para o autocuidado e a necessidade de prevenção. “O homem tem a questão do machismo muito presente. É cultural o universo masculino se cuidar menos do que as mulheres. Questões fisicas e emocionais, quando colocadas em evidência, são sinais de fraqueza masculina. Com isso, o homem acaba não parando para olhar para si mesmo e desenvolver esse autocuidado, que é tão importante não apenas com a saúde física, mas também com a saúde mental e emocional”, destaca.
Além disso, o acompanhamento psicológico também desempenha um papel fundamental entre os homens que já receberam o diagnóstico da doença. Segundo Lucio, é muito comum que os pacientes queiram desistir do tratamento ou não acreditem na possibilidade de cura. “A intervenção psicoeducativa consegue ampliar o olhar de muitos pacientes, que acabam optando por aderir ao tratamento. Percebemos que muitos homens têm medo de expor suas fragilidades, inseguranças e incertezas diante de um diagnóstico desses, principalmente no primeiro atendimento. No entanto, o acolhimento psicológico faz com que ele consiga se expressar, chorar, compartilhar seus receios e pedir ajuda. O tratamento pode gerar muitos comprometimentos físicos e emocionais, diante de possíveis sequelas que podem ocorrer, e por isso o acompanhamento é feito durante todo o processo, desde o recebimento do diagnóstico até o pós-operatório”, finaliza o psiquiatra.