Com participação de MV Bill, Boca de Brasa promove painel para discutir a arte e periferia conectadas com o mundo

O Movimento Boca de Brasa promoveu na sexta-feira (22) o painel “O Mundo é um Grande Gueto – Periferias e Conexões”, mediado pela vice-prefeita e secretária da Saúde, Ana Paula Matos, com participação do rapper MV Bill, a empresária Potyra Lavor, fundadora e CEO da IDW Company, e o coreógrafo e artivista Elivan Nascimento.

O evento cultural chega à sua sétima edição com nova roupagem para enaltecer a Potência da Periferia. Desde a quinta-feira (21) até o sábado (23), o Quarteirão das Artes da Fundação Gregório de Mattos, no Centro Histórico de Salvador, recebe uma série de iniciativas com o objetivo de fomentar a cultura no município.

O rapper MV Bill afirmou que essa discussão é de suma importância porque põe a periferia no foco principal, mas sem ter uma situação de violência para que isso aconteça. “Acho que dar visibilidade às coisas boas, legais e culturais que estão sendo feitas na periferia é importante. Estou feliz de estar fazendo parte deste movimento local, e que os artistas são todos daqui, que às vezes não têm oportunidade de estar em outro lugar. Quem se apresenta aqui dá tudo de si porque é uma grande oportunidade”, disse.

Ele lembra que esse tipo de discussão é amplo e abre um leque para muitos debates. “Podemos falar de cultura, arte, dentro da periferia, mas a gente pode chegar ao racismo, violência, política, oportunidades, uma gama de assuntos quando falamos de periferia e a periferia com suas peculiaridades e semelhanças. A cultura, o esporte, a arte são coisas importantes, a gente nunca pode deixar a educação fora desse bojo que leva para a transformação. O interesse pela educação aumenta a partir dessa e outras coisas. Tudo isso caminhando junto a gente potencializa de verdade”, frisou.

Ana Paula Matos pontuou a abrangência do movimento. “Essa é uma potência, estamos falando de um movimento e de conexões, da periferia para o mundo. São pessoas que têm história, que não têm só discurso, mas prática de construção social, de conexões nacionais e internacionais. É muito importante quando alguém numa plateia se sente parte. E que eles, e elas podem contar e construir outras histórias. Que esse movimento se potencialize mais e mais”, afirmou a vice-prefeita.

A publicitária Potyra Lavor ressalta a importância do movimento. “Eu estou muito feliz com o que a gente está vendo do Boca de Brasa. O movimento é dinâmico e o que as periferias produzem e estão produzindo precisam ter visibilidade e serem alavancados, não só pela iniciativa pública, mas também privada. Acho que a cultura do Brasil, quiçá do mundo, são movidas pelas periferias. A partir do momento que o mercado entender isso, construindo coletivamente, acho que a gente coloca a Bahia, Salvador, o Brasil em outro patamar”, afirmou.

Potyra conta que a expectativa é que do painel saiam ideias para serem colocadas em prática. “Os participantes dispensam apresentações. Temos pessoas potentes no painel e estar mais próximo, entendendo nosso lugar como ponte, é o que faz a mudança. Temos duas forças: a da periferia e esse entendimento de que tudo que é produzido é global. Cada vez mais rompe barreiras, territórios e Salvador mostra isso. Falta ao mercado brasileiro ver o que as pessoas lá fora estão vendo”.

Potência da periferia – O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, ressalta que o movimento Boca de Brasa tem a proposta de pensar a cidade a partir da periferia. “Um amadurecimento do projeto, que deixa de ser apenas artístico, mas conectado com o social e o empreendedorismo. A gente tentou trazer cabeças pensantes dos mais variados temas envolvendo a periferia. Então a gente tem desde empresas até grandes pensadores e pessoas ligadas a grupos e criadores de grupos e coletivos que trabalham a inclusão social. Esse é o grande desafio nosso. É um movimento que não para aqui”, salientou.

Elivan Nascimento disse que a mesa tem uma importância muito grande no sentido da representatividade, de potencializar as artes integradas periféricas. “Eu acredito que ela vem num momento mais coerente e correto possível, para poder a gente dialogar sobre isso e debater as vulnerabilidades e potencialidades que vêm desses lugares, entendendo como esse lugar é diverso, tem pessoas diversas, com opiniões, corpos, existências, então a mesa vem para reafirmar esse lugar”.

Além de compor a mesa, Nascimento é também um dos diretores do Movimento Boca de Brasa. “São muitas cabeças pensantes neste movimento, que veio para dar continuidade a essas corpas, a essas existências, especialmente nos eixos periféricos”.

Programação – Espalhada por diversos locais como o Teatro Gregório de Mattos, Espaço Cultural da Barroquinha, Pátio Iyá Nassô, Espaço Boca de Brasa Centro, Sala Multiuso Nelson Maleiro, Café Nilda Spencer, além do Cine Glauber Rocha e da Ladeira do Couro, a programação do Festival Boca de Brasa está repleta de shows com Àttooxxá, Di Cerqueira, Salutari, Ministereo Público, Sound System, Afrocidade e Quabales convidando Vandal para animar o público.

As atividades gratuitas são uma realização da Prefeitura de Salvador, por meio da Fundação Gregório de Mattos, em parceria com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec).  As inscrições para participar das atividades formativas e dos painéis serão feitas no dia das apresentações através de QR Codes espalhados pelo Quarteirão das Artes. Todos os espaços estão sujeitos a lotação. Confira a programação através do link: https://movimentobocadebrasa.com.br/index.php.

Reprodução: Reportagem: Ana Virgínia Vilalva/ Secom PMS

Foto: Bruno Concha

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