O 15⁰ Festival da Queima dos Homens de Barro, que aconteceu de 18 a 21 de setembro, reuniu cerca de 5.mil pessoas em Ibirataia, sul da Bahia. O evento vem, ao longo dos anos, valorizando o artesanato, com forte destaque para a cerâmica, prática da artista Selma Calheira, idealizadora do evento.
Oficinas de arte e cultura, exposições artísticas, experiência gastronômica, música e uma imersão na cultura regional cacaueira foram alguns dos atrativos do evento. Mais de 180 estudantes da rede pública e 120 artistas participaram das oficinas de cerâmica, e cerca de 160 professores também foram beneficiados com oficinas sobre arte e educação.
O Festival da Queima dos Homens de Barro não apenas celebra a arte e cultura, mas também impulsiona a economia local. Ao reunir empreendedores e artistas da região, o festival promove a economia criativa, onde recursos e talentos locais são valorizados e reinvestidos na comunidade. Artesanato, gastronomia, música ganham evidência, gerando renda e fomentando o empreendedorismo.
O pintor Antônio Eugênio Nascimento, que veio de Sergipe para participar do Festival, falou sobre a importância do evento para a movimentação turística e o comércio local, estimulando um ciclo sustentável que fortalece as relações sociais e econômicas da região. “A nossa mais famosa cerâmica do exterior ainda é a do Vale do Jequitinhonha, mas as pessoas, os artistas, não se desenvolvem. O que o Festival dos Homens de Barro faz é potencializar os artistas, a população como um todo”.
Um dos momentos mais importantes do Festival deste ano aconteceu na noite deste sábado, com o lançamento maquete conceitual da Cidade dos Homens de Barro, um projeto inovador que promete transformar a região em um importante atrativo turístico do estado. A iniciativa visa transformar a montanha entre Ibirataia e Ipiaú em um museu a céu aberto, onde megaesculturas dos Homens de Barro serão instaladas, proporcionando uma experiência visual única e impactante para todos os visitantes. Além das esculturas imponentes que poderão ser vistas à distância, a região terá a construção de uma concha acústica para shows e apresentações musicais, um centro educativo cultural para workshops e palestras e uma área de convivência com restaurantes.
O detalhamento técnico da Cidade dos Homens de Barro terá início em 2025 e conta com o apoio da Secretaria de Turismo do Estado da Bahia e do Projeto Geração da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), que fomenta trabalho e renda por meio do turismo cultural.
“O projeto geração, da UFRB, com apoio do Ministério do Trabalho e Empregos, visa formar 3 mil jovens na área de turismo comunitário, de modo que a gente possa ter, em cada comunidade que a gente alcance, uma intervenção de modo que essa comunidade possa mostrar, descobrir e mostrar para o Brasil a sua singularidade. O projeto da cerâmica e da queima dos homens de barro é algo completamente singular e único no mundo. E exatamente por isso, nós buscamos apoiar e, seguramente, nós estaremos juntos na construção da cidade do homem de barro”, disse o coordenador do Projeto Geração, Paulo Gabriel Nacif.
Representando a Secretaria de Turismo do Estado da Bahia, a Diretora de Qualificação e Segmentos Turísticos do Estado da Bahia, Juliana Araújo, parricipou do lançamento da maquete conceitual da Cidade dos Homens de Barro e afirmou que dará início a reuniões a respeito do projeto. “A Setur vem apoiando esse festival, que consolida o destino como um destino turístico, e que tem algo a mais a ofertar ao turista, além das belezas naturais, do cacau e do bem receber, que já é um hábito do baiano. O que precisamos fazer agora é tentar consolidar o entorno, a rede de cidades que são envolvidas no entorno de Ibirataia, sua capacidade hoteleira para poder receber todos os visitantes dessa exposição a céu aberto”.
Nativa de Ibirataia, Selma Calheira vem ganhando destaque com seus Homens de Barro em mostras de arquitetura nacionais e internacionais. O Festival da Queima dos Homens de Barro, idealizado por ela, se tornou um marco cultural e turístico da zona cacaueira baiana, gerando emprego e movimentando a economia.
“Os Homens de Barro são os homens da terra. Aqueles que não desistem, que resistem e que vão em busca de seus sonhos. Esta é a maior simbologia que trago entre minha arte e a vida. Da terra viemos, para a terra voltaremos. A terá é a origem e o fim de tudo”, diz Selma Calheira.