Durante o seminário “Estudo de avaliação de efeito e impacto de integração local de refugiados e migrantes venezuelanos no Brasil”, foi divulgado que entre outubro de 2020 a setembro de 2023, cerca de 1700 jovens e adultos brasileiros foram certificados em cursos profissionalizantes na capital baiana. No mesmo período, 141 jovens e adultos brasileiros foram inseridos no mercado de trabalho por intermediação do projeto Acolhidos, e 60 jovens foram certificados como aprendizes e acompanhados em seu percurso formativo.
A ação foi realizada pela Associação Voluntários para o Serviço Internacional (AVSI Brasil) – www.avsibrasil.org.br –, organização sem fins lucrativos, sediada em Salvador. Na Bahia, o projeto possui cursos voltados para a população brasileira em situação de vulnerabilidade, implementados no Centro de Orientação da Família (COF), localizado na região de Novos Alagados, subúrbio de Salvador, além do programa de Jovens Aprendizes. Entre
Migrantes e refugiados – O diretor-presidente da AVSI Brasil, Fabrizio Pellicelli, destacou que entre 2019 e 2023, houve a interiorização voluntária de 3.360 pessoas membros de núcleos familiares de refugiados e migrantes venezuelanos. Desse grupo, 1.329 indivíduos foram integrados com emprego regular. “Estes resultados são fruto de uma atuação multistakeholders, entre o Governo Federal, ONU, Forças Armadas, e sociedade civil”, afirmou. “Nosso objetivo é fazer com que as pessoas em situação de vulnerabilidade e os migrantes e refugiados encontrem a sua autonomia e possam recomeçar suas vidas”.
Na ocasião, a cientista política e diretora técnica da Pólis Pesquisa, Bertha Maakaroun, apresentou dados, destacando que o Projeto Acolhidos por Meio do Trabalho apresentou alto índice de empregabilidade formal, onde 65,8% dos respondentes interiorizados disseram estar trabalhando em empregos formais, com carteira assinada, sendo o setor da indústria é o que apresenta o maior número de empregos para os interiorizados (43,8%). “As pessoas interiorizadas entrevistadas nesta pesquisa apresentam maior autonomia, em relação aos refugiados e migrantes venezuelanos na origem, para a escola de oportunidades de trabalho: enquanto no destino, 59,7% informam que podem escolher as melhores ofertas de trabalho; em Boa Vista, na origem, 79,9% informam que precisam aceitar qualquer oferta de trabalho”, destacou
Ainda segundo Maakaroun, o rendimento médio das famílias de não interiorizados é de R$ 621,00. “Já entre os interiorizados, a renda média familiar é de R$ 3.212,00, uma variação positiva de 417%”, disse, ressaltando ainda que a renda média per capita é de R$ 157,00 para os não interiorizados, e de R$ 894,00 para os interiorizados, uma variação de 469%.
Durante o evento, o representante para o Brasil do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Davide Torzilli, lembrou que a nível global, 110 milhões de pessoas foram obrigadas a se deslocar. “Uma a cada setenta e quatro pessoas no mundo precisam se deslocar. As chances de voltar para o país são muito pequenas. É um desafio gigante que precisa de responsabilidade compartilhada”.
Já a diretora do Instituto de Migrações e Direitos Humanos (IMDH), Irmã Rosita Milesi lembrou que à frente dos números, há pessoas, que têm rostos, histórias, sonhos, expectativas e sofrimentos. “As pessoas deixaram tudo para trás. Esses elementos precisam ser reconsiderados: é a questão humana de pessoas que querem reconstruir sua vida”.
A ação é uma aliança entre a Fundação AVSI, AVSI USA, implementado pela AVSI Brasil e Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) e conta com o financiamento do Departamento de População, Refugiados e Migração (PRM), do governo dos EUA.