Já notaram que uma parcela significativa de médicos só se preocupa com a saúde física do paciente sem considerar o lado emocional, mesmo dando toda assistência clínica? Normalmente, o médico parece sempre ocupado e alheio à angústia do paciente. Estamos acostumados com médicos frios e objetivos que, às vezes, passam a medicação e não explicam de maneira legível e satisfatória o que nós temos. Existem exceções, mas isso é que o vemos de mais comum em consultórios e hospitais.
É uma medicina baseada na cura da doença, não na qualidade de vida do doente. Isso remonta desde a idade moderna quando René Descartes, filósofo que escreveu o livro “Discurso sobre o método”, ensina o corpo separado da mente e das emoções, visto como uma máquina que precisa de mecânicos e consertos. Dentro desse contexto, surgem os hospitais que, segundo Michel Foucault, são compreendidos como instituições que separam os defeituosos e inúteis dos produtivamente saudáveis.
Entender que corpo e mente caminham juntos é de suma importância para se compreender a saúde completa do organismo e o ser humano como um sujeito biopsicossocial. Mente e corpo não estão separados e, se um sofre, o outro também sofre. O neurocientista Antônio Damásio, em seu livro “O erro de Descartes”, comprova através do estudo de pessoas com danos no cérebro como a mente, as emoções e o corpo estão interligados.
Uma medicina que desconsidera a saúde emocional do paciente é uma prática clínica ultrapassada com uma visão reducionista e que não visa uma vida saudável e o bem-estar do paciente. Logo, é preciso voltar um olhar atencioso para nossas emoções visto que muitos diagnósticos são dados por desconsiderarem essa parte fundamental do ser humano.